Apagão: o que queremos ser e fazer daqui para a frente?
O apagão de ontem veio tornar evidente o que talvez todos saibamos, mas que optamos por ignorar e não pensar muito.
Num instante, sem que nada o faça prever e sem que tenhamos controlo sobre isso, tudo pode falhar.
Vivemos rodeados de tecnologia, de velocidade, de certezas fabricadas, mas a verdade é que somos todos muito frágeis. Somos todos muito vulneráveis, estamos sempre mais perto do vazio do que queremos admitir, e à mercê de um desenvolvimento que construímos e no qual nos aprisionámos.
Situações como a que vivemos ontem deixam-nos com medo, desorientados e em alerta. E, por isso, reagimos impulsivamente e fazemos coisas tontas sem pensar. Sem refletir se o que estamos a fazer faz sentido e sem pensar nos outros. Entramos em modo de sobrevivência.
A vulnerabilidade é a nossa condição. E talvez seja este o convite escondido nestes momentos. Parar. Sentir. Respirar. Entregar. Lembrar que quase nada controlamos. E perceber se nos tornamos “bichos” ou se conseguimos, mesmo no meio do caos e da impotência, ser empáticos, generosos e capazes de estender a mão aos outros.
Do que iremos mais precisar para perceber que o mundo, tal como o construímos, não é sustentável e que precisamos muito de gentileza para que até a escuridão se torne um lugar menos solitário?!
Este poderá ter sido um de muitos episódios que ainda iremos viver. Aproveitemos para refletir no que queremos ser e fazer daqui para a frente.
Boa semana!
Sofia Frazoa