Embora partilhemos o mesmo mundo, as nossas realidades são profundamente distintas.
Cada pessoa vive num universo único, construído pelas suas experiências, emoções e perspetivas. Embora partilhemos o mesmo mundo, as nossas realidades são profundamente distintas. Mas quase nunca nos lembramos disto, presos nas nossas bolhas e rotinas pessoais.
Uma das vantagens de ser jornalista foi poder aceder a realidades muito diferentes, do 8 ao 80, em áreas tão diversas como problemáticas sociais, política, desporto, cultura ou lazer. Um verdadeiro “banho de realidade”, que agradeço ter podido experienciar. Ir a um hospital, por exemplo, é outro banho de realidade. Na minha vida adulta, já tive de ir várias vezes a urgências de hospitais e também já acompanhei pessoas queridas nesses momentos delicados.
A reflexão da semana decorre de um desses episódios. Somos todos tão frágeis e vulneráveis. Em situações de crise ou de doença, estamos todos ali, ao mesmo nível, na sala das urgências.
Alguns de nós com a sorte de ter família cá fora ou alguém a acompanhar-nos, de podermos regressar a casa de carro ou de Uber seja qual for a hora, de termos comido ou sabermos que a seguir vamos comer. Outros, com muita idade e meio perdidos porque não sabem como foram ali parar, estão sozinhos, não têm como ir para casa se não foram de ambulância ou não esperarem pela hora dos transportes públicos, não comeram e nem sabem se e quando vão comer.
As nossas bolhas pessoais oferecem conforto, mas também limitam a nossa visão do mundo. Centrados nos nossos problemas, esquecemo-nos de que, ao nosso lado, há vidas a desenrolar-se de formas que nunca iremos entender por completo. Há pessoas que enfrentam desafios que não vamos conhecer, sejam de saúde, económicos ou emocionais.
A empatia poderia ajudar. Perceber as diferenças não significa perder as nossas convicções, mas sim abrir espaço para uma vida mais compreensiva e enriquecedora, concluindo que estamos ligados por algo maior: a condição humana.
Todos temos histórias únicas. Ouvindo e entendendo os outros, crescemos como indivíduos e sociedade.
Que possamos sair das nossas bolhas e espreitar outras estradas. Sem esquecer que, apesar de termos vidas tão diferentes, somos todos humanos a caminhar para o mesmo fim.
Até à próxima segunda!
Boa semana
Sofia Frazoa