Ninguém salva ninguém. Só nós nos conseguimos “salvar”.

Ninguém salva ninguém. Há uma ideia generalizada, sobretudo nos relacionamentos amorosos, de que alguém de fora nos pode vir salvar das nossas dores, vazios, inquietações, tristezas. Alguém chega e muda a nossa vida, como nos contos de fadas.

Quase todos os inícios são cheios de novidade, entusiasmo, adrenalina… Verdadeiros “shots” de dopamina que nos distraem, por um tempo, daquilo que carregamos dentro. Quando o efeito estonteante termina, voltamos a sentir tudo aquilo que tentámos ignorar e que – agora percebemos – ninguém nos conseguiu fazer desaparecer.

Chegados aqui, temos dois caminhos: ou seguimos em busca de mais dopamina e continuamos na anestesia e a não querer ver; ou sentamo-nos connosco e responsabilizamo-nos pela nossa “salvação”.

Só nós nos conseguimos “salvar”. E, para isso, é preciso percebermos qual é concretamente o “perigo” de que andamos a fugir. O que nos inquieta, o que nos causa vazio?! Do que nos tentamos distrair, saltando de experiência em experiência, procurando “bombeiros de serviço”, que é o que os outros chegam a representar para nós?! De que ferida antiga vêm os padrões que insistimos em repetir?!

Sim, ficarmos connosco, no nosso caos interno, dói e chega a causar desorientação. Mas é a única forma de sermos livres. Livres da necessidade de encontrar alguém que nos “salve” (já sabemos, por experiência, que não resulta…) e de cairmos em situações desfavoráveis; de cedermos aos impulsos inconscientes provocados pela nossa história de vida; de sermos dominados pelos nossos vazios e dores existenciais; de nos mantermos nas prisões internas que tanto nos condicionam.

Esta é a reflexão da semana. É sobre o papel de vítima/donzela desprotegida e a ilusão do salvador. E sobre a necessidade urgente de nos pegarmos ao colo e colocarmos num lugar seguro.

Se sentirem, partilhem as vossas ideias sobre este tema. Gostava de ler as vossas partilhas.

Até à próxima segunda!
Boa semana
Sofia Frazoa

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