Pessoas em dor magoam outras pessoas. Ver além da máscara ajuda o outro.
Ouvir em silêncio, sem julgar nem tentar salvar o outro, é uma característica de alto valor e em desuso. Treinar a escuta e o “ver além das aparências” cria interações fortes que fazem a diferença.
A inspiração para a reflexão da semana surgiu com o filme “Um Homem Chamado Otto”. Sem fazer “spoiler”, destaco duas mensagens que captei.
1 – PESSOAS EM DOR MAGOAM OUTRAS PESSOAS
É fácil perceber que reações mais agressivas, de zanga com o mundo, afastar possíveis relacionamentos, etc, normalmente resultam de um lugar profundo de dor.
O desconforto sentido dentro vira-se contra o exterior. Quando nos sentimos bem, tendemos a ter mais paciência e a responder de forma construtiva e pacificadora.
Ao voltar a pensar nisto, realço a importância de trabalharmos o nosso mundo interno, traumas e feridas. Quanto mais o fizermos e nos pacificarmos com o que está dentro, mais iremos reagir de forma adequada ao que está fora.
2 – VER ALÉM DA MÁSCARA AJUDA O OUTRO
Por norma, só precisamos de um sítio seguro, que nos faça sentir acolhidos, para podermos baixar as armas e libertar a dor que carregamos.
Quando alguém está ao nosso lado, insistindo em ver além da máscara, consegue também aceder a lados nossos que valem a pena. E consegue pôr-nos mais em contacto com eles.
Há pessoas que não desistem de nós porque vêem mais além. E reparem como, às vezes, insistimos em ficar na defensiva para testar o outro. “Se ficar, depois de tanto levar para trás, é porque me quer mesmo por perto”, chegamos a pensar. Eu não abusaria desta tática. Esticar muito a corda pode parti-la. E não é isso que, normalmente, quem joga à defesa quer.
Dizem-me que tenho a capacidade de ver além das máscaras das pessoas, das suas estratégias de defesa, e acredito que muitos dos que me lêem também têm, mas há um perigo.
Quem tem esta característica, até pode entender de que trauma ou lugar de dor vem a atitude do outro, mas não tem de levar com isso. São coisas diferentes. Em última análise, o outro é responsável por si e pela sua cura emocional. E temos de nos tratar uns aos outros com respeito e dignidade, mantendo limites saudáveis.
Até segunda!
Boa semana
Sofia Frazoa