O dia da morte do meu pai foi o mais difícil da minha vida.

Amanhã, 29 de outubro, faz 9 anos que o meu pai nos deixou fisicamente. O dia da morte do meu pai foi o mais difícil da minha vida. Além de um bom Pai, perdi um grande Amigo.

De uma forma muito infantil, pensei que o meu pai era imortal e que nunca o iria perder. Mesmo quando ficou doente e o médico não deu esperança de vida, no meu coração existia a ilusão de um milagre.

O meu pai morreu. Nada nem ninguém o salvou, mas para mim só morreu fisicamente (“só”… parece leve, mas é bastante pesado). Os primeiros meses, anos, foram duros e com muita dor. Com o passar do tempo, a dor deu lugar à saudade e a ferida já não sangra, está mais sarada.

A morte do meu pai, ao mesmo tempo que me tornou meio orfã, trouxe-me grandes aprendizagens e mudanças. Na altura, já não estava muito satisfeita com o meu trabalho e queria mudar, mas reconheço que foi o trabalho que me “salvou” da dor profunda que estava a sentir, e que me poderia levar a entrar num buraco sem fundo.

Levantar-me todos os dias, ter de sorrir para pessoas que não tinham culpa nem podiam ser prejudicadas pela minha dor, salvou-me de alguma forma.

A morte do meu pai também me levou a ganhar coragem para arriscar de novo. Lembro-me de ter pensado muitas vezes: “Perdi o meu pai, a dor é tão profunda, será que há muito mais a perder?! A morte é garantida, tenho de arriscar!”. E mudei, de novo, o rumo da minha vida para a estrada que me conduziu ao lugar onde estou agora.

Tenho muitas saudades do meu pai. Estou-lhe muito grata pela vida e por tudo o que sempre fez por mim. O meu pai continua na minha vida de outra forma, e sinto que a melhor maneira de lhe agradecer é ser feliz, trilhando o meu caminho com muitos dos valores que eu lhe reconhecia e admirava, e que ele quis passar aos filhos.

Um abraço a quem já perdeu pais e a quem muitos dizem: “vá, força, tens de continuar!”. Nós sabemos que temos e que vamos continuar. Mas também sabemos que, quando os laços são fortes, dizer “Adeus” custa muito e modifica-nos para sempre.

Obrigada, meu Pai! Amo-te muito. Serás sempre carinhosamente recordado por nós.

Até à próxima segunda!
Boa semana
Sofia Frazoa