Nunca tirem a esperança a outro ser humano

Na minha formação para professores de Xamanismo na Escócia, em 2015, a nossa professora Sandra Ingerman disse-nos muitas vezes: “Nunca tirem a esperança a outro ser humano”.

Ela queria alertar-nos para a humildade, empatia e cuidado com o que dizemos aos outros numa sessão xamânica. Mas serve para muita coisa.

Às vezes, há um lado nosso que se sente cheio de poder e de autoridade para dizer isto ou aquilo, sem perceber que o outro pode estar frágil, que aquilo que dizemos impulsivamente o vai magoar e que o vai colocar num lugar pequeno, sem ver a luz ao fundo do túnel.

“Esperança” sempre foi uma palavra que usei na minha vida, mas ficou-me ainda mais gravada com este alerta da minha professora. Tantas vezes já demos por nós sem ver a luz ao fundo do túnel, a sentir-nos encurraladas e impotentes, a querer ficar fechadas em casa, tapadas pelas mantas, até que voltemos a encontrar uma saída.

A ESPERANÇA a que me refiro não é a da espera que algo mude ou aconteça. É a da ação. A de acreditar que vou conseguir sair desta situação, por muito escuro que pareça ou desanimada que esteja. A ESPERANÇA dá-nos força e acende uma qualquer faísca interior que não nos deixa desistir. Obviamente, não me refiro a condições de saúde mental que não se resolvem só com “ter esperança”. Eu sei que entendem o que quero dizer.

A reflexão desta semana é sobre ESPERANÇA e o que dizemos aos outros.

Em primeiro lugar, o que nos dá o direito de dizer o que queremos, muitas vezes sem que nos tenha sido pedida a opinião? Comentários depreciativos não ajudam ninguém, nem contribuem para a sua evolução.

Em segundo lugar, que necessidade é esta que temos de ser tão agressivos e demolidores com os outros? Basta ver os comentários nas redes sociais. De que lugar de dor vem essa nossa reação?

Nunca devemos fazer o outro sentir-se “esquisito”, “doente” ou “inferior”. Devemos, sim, devolver-lhe a esperança de que tem em si todas as ferramentas para se reerguer e voltar a andar livremente.

Podemos caminhar ao lado e relembrar o percurso já feito. Nunca poderemos fazer o caminho por ninguém, mesmo que quiséssemos (e eu espero que não queiramos).

Abraço de boa semana!
Até à próxima segunda-feira.
Sofia Frazoa

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