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É Amor, Apego ou Carência?

Esta é a semana em que as montras se enchem de ursinhos e corações, os restaurantes preparam menus especiais (e muito mais caros) e algumas pessoas passeiam-se com ramos de flores pelas ruas e nos transportes.

O Dia dos Namorados chega, todos os anos, para prometer romantismo, uma noite especial, e talvez a esperança de sobrevivência a relações com morte mais do que anunciada. Na ânsia de celebrar, muitos esquecem-se do principal: “Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos” (O Principezinho).

Todos sabemos que o amor não se resume a um dia assinalado no calendário. E o amor verdadeiro não se mede por presentes ou gestos grandiosos num momento específico. Pelo contrário, vive nos pequenos detalhes do quotidiano: na paciência diante das dificuldades, no abraço silencioso depois de um dia difícil, na escuta atenta quando o outro precisa de desabafar. O amor está no olhar que vê além da superfície, no respeito pelo espaço e pelo tempo do outro, na liberdade que se dá e se recebe.

Muitas vezes, confundimos amor com apego, carência ou medo da solidão. Deixamo-nos levar por ideias românticas que nos fazem crer que amar é perder-se no outro e aceitar menos do que merecemos para não ficarmos sós. Mas o amor saudável não nos tira de nós mesmos. Pelo contrário, o amor saudável fortalece-nos, faz-nos crescer e permite que sejamos inteiros ao lado de alguém que também se permite ser inteiro.

O amor também se manifesta na amizade, no cuidado com um filho ou com um idoso, na compaixão por um desconhecido. O verdadeiro amor começa dentro, na forma como nos respeitamos, cuidamos e valorizamos. Se o amor nos faz sentir pequenos, inseguros ou insuficientes, talvez não seja amor, mas um espelho das feridas que ainda temos de curar.

Que além do Dia dos Namorados possamos celebrar o amor todos os dias, sem rótulos nem obrigações, mas com presença, verdade e liberdade. 

Até para a semana!
Sofia Frazoa

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