Honrar as jovens adultas que fomos

A reflexão da semana decorre do trabalho pessoal que estou a fazer de honrar a jovem adulta que fui, as batalhas que travei e as escolhas que fiz (que me trouxeram até aqui).

Se nos lembrarmos das nossas jovens adultas, elas foram muito corajosas, resilientes, batalhadoras. E tantas outras coisas que nem sempre conseguimos reconhecer ou admitir.

No entanto, muitas vezes olhamos para elas com a pena ou o remorso de não termos feito diferente. De não lhes termos dito para serem menos inseguras e se valorizarem mais; de não as termos protegido de alguns perigos e maldades; de não as termos convencido de como eram amadas e acarinhadas; de não as termos sossegado nos momentos mais difíceis, dizendo-lhes que não estavam sozinhas e que tudo ia passar, de uma maneira ou de outra.

Claro que nada disto era possível de fazer na altura porque só agora, com alguma distância, conseguimos vê-lo. Mas, mesmo assim, é nisto que volta e meia pensamos.

Por vezes, dou por mim também a pensar que, se calhar, já fui muito mais “aguerrida” e interventiva do que atualmente me apetece ser. E é uma escolha. Mas seria injusto para com a minha jovem adulta esquecer-me de tudo o que foi e fez ao longo dos anos. De todas as batalhas que travou, de todos os sonhos que perseguiu, de todas as pessoas que teve de enfrentar e de tudo o que conquistou.

Uma das coisas que fiz com muito gosto foi dançar sevilhanas durante 7 anos. Além das aulas semanais, havia o compromisso e a disciplina dos ensaios, sobretudo na altura dos espetáculos, que me deixavam com os nervos em franja. Ensaiar, ensaiar, ensaiar, até que a coreografia estivesse quase perfeita para podermos apresentar ao público. Depois, eram os vestidos e os sapatos especiais, os penteados e a maquilhagem, as flores no cabelo, as castanholas e os leques, criteriosamente escolhidos para cada apresentação.

Lembro-me desses tempos com carinho e alguma saudade. O pequeno excerto que acompanha a reflexão desta semana faz parte de um espetáculo de Natal, gravado em 2012 (meu Deus!), na Voz do Operário, em Lisboa. Coloco-o como forma de homenagem à jovem adulta que fui, que estou a acolher e a abraçar como uma força da natureza que me permitiu chegar aqui.

Convido-vos a partilharem histórias, fotografias ou pequenos vídeos das vossas jovens adultas que transportavam muitos sonhos na Alma e que muito fizeram para se tornarem no que são hoje. Devemos estar orgulhosas.

Podem ver aqui o vídeo completo no Youtube, no canal do Clube Andaluz:
https://www.youtube.com/watch?v=aNXMspNe0Y0

Até já,
Sofia Frazoa